CHAMADA DE TRABALHOS (COMUNICAÇÕES ORAIS)



27º Encontro do Proler Univille (2021)

12º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura


As narrativas e a leitura como política social

Ensino, Pesquisa e Extensão

De 18 a 21 de outubro • Encontro virtual

 

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SALAS TEMÁTICAS:

EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS

EXPERIÊNCIAS DE LÍNGUA/LITERATURA

EXPERIÊNCIAS DE MEMÓRIAS 

EXPERIÊNCIAS DE LEITURA/ MEMÓRIAS

EXPERIÊNCIAS DE POLÍTICAS CULTURAIS


Chamada para apresentação de comunicações orais no 12º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGUAGENS, LEITURA E CULTURA, que ocorrerá no dia 19 de outubro de 2021, durante o 27º ENCONTRO DO PROLER UNIVILLE

A submissão dos resumos deverá ser postada de 20 de setembro até o dia 04 de outubro de 2021.


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Serão aceitos resumos e textos completos para publicação em anais eletrônicos.

As apresentações desses trabalhos serão obrigatoriamente comunicações orais.


No ato da inscrição, será necessário enviar um resumo descritivo do trabalho (que não deverá exceder 1500 caracteres com espaços.


PROGRAMAÇÃO:

Data: 18/10

Palestra de abertura: A memória como leitura viva
Palestrante: Francisco Gregório Filho

Local: Univille Play
Horário: 19:00 às 22:00
Data: 19/10

12º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGUAGENS, LEITURA E CULTURA 
Local: Microsoft Teams
Horário: 19:00 às 22:00
Data: 20/10

Data: 20/10 - Seminário Interdisciplinar Letras/História
Olhares do Século XIX Sobre a Terra Brasilis

Local: Microsoft Teams

Horário: 19:00 às 22:00
Data: 21/10

SALVE O CINEMA
Filme: Escavação. Direção Simon Stone, 2021
Olhares do Século XIX Sobre a Terra Brasilis
Mediação: Dione da Rocha Bandeira
Horário: 19:00 às 22:00

Informações:

proleruniville@gmaill.com


Resenha crítica do capítulo V (Bachelard)


CAPÍTULO V - “A concha” (livro "A poética do espaço", de BACHELARD)

 Autores da resenha: Juliana Rossi Gonçalves e Pedro Romão Mickucz.

  

Referência do texto: BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. Antônio da Costa Leal; Lídia do Valle Santos Leal. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

 

Desenvolvimento do texto

No capítulo V, Bachelard se concentra no universo dos invertebrados, se debruçando especificamente sobre o “elemento”.

Para o autor, a concha corresponde a lugares seguros, rígidos, onde o poeta não podendo “desenhar”, reduz falando sobre ela.

A geometria que os moluscos constroem impressiona por mostrar a vida através de diferentes formas geométricas.

Na obra de Paul Válery, interessante olharmos como o poeta olha para o que poucos atentam – como “é a formação e não a forma que permanece misteriosa” (BACHELARD, 1984, p. 266).

Com Válery talvez entendamos o lema do molusco que busca “viver para construir sua casa e não construir sua casa para viver nela” (BACHELARD, 1984, p.267). Com o autor, percebemos que o mistério da vida, a transformação, acontece de forma lenta e continuamente.

O fenomenólogo por sua vez possui dificuldade em vivenciar o conceito de “habitar”, se ficar nas “seduções das belezas exteriores”. Essa lógica é seguida por conquiliologista que busca classificar escamas e conchas (BACHELARD, 1984, p. 267).

O interesse do “observador ingênuo” permite as primeiras experiências e as provocações a partir de espantos. Questionamos como é “possível que um ser exista vivendo na pedra, vivendo num pedaço de pedra?” Esses espantos estão se tornando escassos, mas permite também se perguntar que “para uma concha ‘viva’, quantas conchas mortas! Para uma concha habitada, quantas conchas vazias?” (BACHELARD, 1984, p. 267).

Se a concha vazia remete aos devaneios de refúgios, também existe interesse na fenomenologia da concha habitada.

Aprofundada posteriormente, Bachelard só pontua nesse capítulo que na imaginação “entrar e sair são imagens simétricas”. (BACHELARD, 1984, p. 268).

Ao voltar para a concha, quando olhamos o que sai, devaneios de seres mistos – “meio carne, meio peixe”; “meio morto, meio vivo, e nos grandes excessos, meio pedra, meio homem”. Abre-se espaço para não categorizações, e criações como a “Melusina” (BACHELARD, 1984, p. 268).

A partir do mundo animal, amplia-se a fenomenologia do verbo “sair”. E o homem nesse sentido vive dessas imagens, “as imagens podem recolocar os verbos em movimento” (BACHELARD, 1984, p. 269).

A concha permite ampliar o conceito da dialética para além do “pequeno e o grande”, mas para o “livre e o acorrentado” – o que não espera para ser libertado.

Como Bachelard pontua brilhantemente, esse capítulo busca-se olhar pela “lente de aumento da imaginação” o “insignificante” onde estranhas sutilizas são reveladas, como por exemplo, a saída “molemente do molusco de sua concha, que demonstra a complexidade de medo e de curiosidade” ao mesmo tempo (BACHELARD, 1984, p. 269).

As imagens das conchas são evidenciadas na dialética do “escondido e do manifesto” que multiplicam as experiencias do apenas “abrigar em lugar seguro”. O ser que entra na concha e prepara para sair pode ser um “ser reprimido”?

Na metodologia da fenomenologia das imagens, o excesso da imaginação permite acentuarmos a dialética entre o grande e o pequeno, o escondido e o manifesto, o plácido e o ofensivo, o fraco e o vigoroso – ao ponto de ultrapassarmos a realidade. Nesse sentido, a imaginação não trabalha apenas nas imagens, mas no plano das ideias. Nas “ideias que sonham. Certas teorias, que se acreditam cientificas, são grandes devaneios, devaneios sem limites.” (BACHELARD, 1984, p. 270).

A vida é coberta por diferentes proteções, que mesmo esvaindo-se a vida, a “forma” ou a “fôrma” fica –

 

o ser que tem uma forma domina os milênios. Toda forma guarda uma vida. O fóssil não é mais simplesmente um ser que viveu, é um ser que vive ainda, adormecido na sua forma. A concha é um exemplo mais claro de uma vida universal formada em conchas.” (BACHELARD, 1984, p. 271).

 

J.B. Robinet, entende em suas obras que “vida é causadora de formas”, logo “a forma é a habitação da vida”. (BACHELARD, 1984, p. 272).

Sobre a representação de órgãos humanos e objetos materializados em conchas e elementos da natureza, Bachelard busca em Robinet para contrapor a psicanálise e entender que “a Natureza foi louca antes do homem. E que resposta agradável Robinet haveria de dar as observações psicanalíticas ou psicológicas para defender seu sistema”. Segundo as palavras de Robinet “Não devemos ser surpreendidos pela atenção da Natureza em multiplicar os modelos das partes da geração, tendo em vista a importância dessas partes”.  (BACHELARD, 1984, p. 272).

Bachelard exemplifica as contradições das conchas, ao mostrar o quanto são rudes externamente, mas suaves e recobertas de “madre-pérola” em sua intimidade. “Como é possível obter esse polimento pelo atrito de um ser mole?” Como nas questões da vida, “as coisas simples são muitas vezes psicologicamente complexas”. (BACHELARD, 1984, p. 272).

Com a analogia da “fênix da água” do Abade Vallemont, e outras alegorias ao longo dos tempos, são frutos e “fatos da imaginação, os fatos positivos do mundo imaginário.” (BACHELARD, 1984, p. 273).

Ao olharmos as conchas, podemos pensar em nossos corpos e almas, segundo o autor “A simbologia dos antigos fez da concha o emblema de nosso corpo que encerra num invólucro exterior a alma que anima o ser por inteiro, representado pelo organismo do molusco. Assim, disseram eles, como o corpo fica inerte quando a alma se separa dele, da mesma forma a concha se torna incapaz de se mover quando se separa da parte que a anima”. (BACHELARD, 1984, p. 273).

Trazendo todos esses referenciais e imagens sobre a concha, Bachelard alerta para a verificação que devemos fazer dos “devaneios ingênuos” e que alimentam de certa forma as “tradições” (BACHELARD, 1984, p. 273).

Retomando a fênix de Vallemont, “tal contato com uma crença nos leva a origem da crença. Um simbolismo perdido é reencontrado ao reunir sonhos”. Logo “Se a essas alegorias e símbolos de ressurreição, juntarmos o caráter sintetizante dos devaneios dos poderes da matéria, compreenderemos por que os grandes sonhadores não puderam afastar o sonho da fênix das águas.” (BACHELARD, 1984, p. 273).

Novamente sobre as ambiguidades e contradições que a concha abriga, Bachelard atenta para compreendermos fenomenologicamente a fabricação da concha pelo caracol. Um ser “mole constitui a concha mais dura”. Além disso, traz questionamentos como se estaria ele numa “prisão de pedra”? Rompendo-se assim a ideia de fortaleza?

Esses devaneios do homem sobre as conchas de caracol, podem enfim ser concluídas pela análise final do Abade de Vallemont (loc.cit.pag. 255), são “sublimes motivos de contemplação para o espírito”. (BACHELARD, 1984, p. 274).

Interessante perceber a análise de Bachelard sobre Vallemont que não acreditava na fênix de fogo, mas na fênix da água, que descreve: “É sempre agradável ver um destruidor de fábulas ser vítima de uma fábula”. (BACHELARD, 1984, p. 274).

E por vezes caímos em situações como essa. Substituímos nossas crenças em algumas fábulas por outras fábulas? – Reflexão dos resenhistas.

Novamente Bachelard nos coloca a pensar sobre os ninhos e as conchas com a ideia que temos de “refúgio”. Mas nesse refúgio “a vida se concentra, se prepara, se transforma”. (BACHELARD, 1984, p.275).

Temos como ideia a clássica imagem “banalizada” da “concha-casa”, ao que Bachelard identifica essas imagens como pertencente ao “museu indestrutível das velharias da imaginação humana”. (BACHELARD, 1984, p. 276).

Ao mesmo passo que essas imagens são muito claras, também chegam a “bloquear a imaginação, caindo no dilema de nos tornarmos vítimas da banalidade (BACHELARD, 1984, p. 276).

Bachelard pontua sobre a solidão que é habitar nas conchas. O quanto almejamos vidas solitárias ao proferir frases como “Ah, os caracóis não conhecem sua felicidade” (BACHELARD, 1984, p. 278). Com outras reflexões, lembramos aqui algumas das discussões apresentadas na metáfora do “Dilema do porco espinho” do filosofo alemão Arthur Schopenhauer e que Leandro Karnal, traz em sua obra “Dilema do Porco Espinho: Como encarar a solidão”.

Quando crianças, aproximamos nossos ouvidos nas conchas para ouvir as ondas do mar, lugar de onde deveria ser seu “habitat” natural. Como Bachelard recitando Gaston Puel:

 

“Minha sombra forma uma concha sonora

E o poeta escuta seu passado

Na concha de sombra de seu corpo”. (BACHELARD, 1984, p. 278).

 

            Interessante também perceber que buscamos na vida animal, valores morais, como no exemplo apresentado por Bachelard, do “eremita-bernardo” buscando conchas abandonadas, ou do cuco que coloca ovos nos ninhos dos outros (BACHELARD, 1984, p. 279).

            Nas palavras de Bernard Palissy, percebemos a dimensão de seus estudos e a complexidade que faz nas análises dos caracóis e das conchas (BACHELARD, 1984, p. 280-281). Bachelard pontua que para não diminuirmos imagens construídas como as de Palissy, em “simples metáforas”, devemos trabalhar essas imagens pelo jogo da imaginação ressignificada com outros símbolos imaginativos – como os poetas e poemas, por exemplo. (BACHELARD, 1984, p. 282).

            Para Palissy o homem busca habitar em conchas. Deseja que “a parede que lhe protege o ser seja sólida, polida, fechada, como se sua carne sensível tivesse que tocar nas paredes de sua casa. O devaneio de Bernard Palissy traduz, na ordem do tato, a função de habitar. A concha confere ao devaneio uma intimidade completamente física” (BACHELARD, 1984, p. 282).

            O conceito de caverna-concha amplia a dimensão de “cidade fortificada”, de barreira contra invasores. Amplia a dimensão de habitação, proteção e esconderijo (BACHELARD, 1984, p. 283).

            Falou-se até aqui então, sobre as conchas, mas Bachelard também pontua, e as carapaças como das tartarugas? O conceito de casa ambulante seria apenas uma ilustração das “teses” apresentadas até então nesse capítulo (BACHELARD, 1984, p. 283).

            Mesmo com poucas palavras, viajamos e ampliamos nossa relação imaginativa da tartaruga nas citações e reflexões de Bachelard sobre o poeta Franz Hellens. O fenomenólogo pode então analisar diferentes ângulos sobre essa “gravura comentada” (BACHELARD, 1984, p. 284).

            Para finalizar, Bachelard retoma o início do capítulo ao entender que os fenomenólogos se complicam quando confrontados com as “estranhezas do mundo”. A imaginação proporciona no que é familiar, estranhezas. A poética abre na imaginação um novo mundo. “Uma simples imagem se faz nova, abre um mundo”. Por o mundo ser mutável a todo momento e a todo instante, se torna um problema que se renova para fenomenologia. Das palavras de Bachelard captamos que

 

“Resolvendo os pequenos problemas, aprendemos a resolver os grandes. Nós nos delimitamos a propor exercícios no plano de uma fenomenologia elementar. Estamos aliás convencidos de que não há nada insignificante na psiqué humana.” (BACHELARD, 1984, p. 285).

Resenha crítica do capítulo III (Bachelard)


 CAPÍTULO III - “A gaveta, os cofres e os armários” (livro "A poética do espaço", de BACHELARD)

Autores da resenha: Juliana Rossi Gonçalves e Pedro Romão Mickucz

  

Referência do texto: BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. Antônio da Costa Leal; Lídia do Valle Santos Leal. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

 

Desenvolvimento do texto

Na introdução, Bachelard já sintetiza que as gavetas, os cofres e os armários são como a “casa das coisas”. Desvelando a estética do escondido. (BACHELARD, 1984, p. 197).

No capítulo, Bachelard discorre de forma poética sobre as estruturas dos móveis do interior da casa: a gaveta, os armários, os cofres e as fechaduras.

Inicia o capítulo confirmando os sentidos das palavras, seja de seu uso pejorativo por um grande escritor (o que lhe causa grande sofrimento), seja de seu uso cotidiano e ligado às realidades comuns, que “não perdem por isso suas possibilidades poéticas” (BACHELARD, 1984, p. 245).

Ao longo do capítulo aciona diversos escritores e poetas para discorrer sobre a imagem e a metáfora, perpassando pelos conceitos de intimidade e imaginação.

A imagem retira todo o seu ser da imaginação, apesar de ser obra da imaginação absoluta.

A metáfora dá um corpo concreto a uma impressão difícil de exprimir; é “uma imagem fabricada, sem raízes profundas, verdadeiras, reais” (BACHELARD, 1984, p. 245). É possível defini-la como uma expressão efêmera, que deve ser pensada (mas não demais) e “temer que aqueles que a leem não a pensem” (BACHELARD, 1984, p. 245).

Diz que as metáforas são abundantes a partir dos pensamentos do filósofo e diplomata francês Bergson. Que as imagens são raras, e a imaginação é metafórica. Na relação entre metáfora e imagem, diz: “A metáfora é uma falsa imagem já que não tem a virtude direta de uma imagem produtora de expressão, formada no devaneio falado” (BACHELARD, 1984, p. 247).

Utiliza-se da filosofia bergsoniana quando fala da metáfora da gaveta – a memória não é um recipiente de classificações de lembranças, mostrando a pobreza da imagem que quer que haja "aqui e ali no cérebro caixas de lembranças que conservariam fragmentos do passado" (BACHELARD, 1984, p. 246), como uma espécie de gaveta cerebral. A memória tampouco é um armário de lembranças.

Segundo o autor, a metáfora das gavetas é um “Instrumento polêmico rudimentar”, pois perde sua espontaneidade de imagem, imagem estereotipada de conceitos que servem para classificar os conhecimentos. Bachelard (1984, p. 246) afirma que “Para cada conceito há uma gaveta no móvel das categorias. O conceito é um pensamento morto, já que ele é, por definição, pensamento classificado.”

As gavetas, os cofres, fechaduras e armários remetem a imagens, espaços e devaneios da intimidade, esconderijos onde o homem dissimula ou encerra seus segredos. Sem esses objetos, a vida não teria modelo de intimidade – são objetos-sujeitos – “O armário e suas prateleiras, a escrivaninha e suas gavetas, o cofre e seu fundo falso são verdadeiros órgãos da vida psicológica secreta” (BACHELARD, 1984, p. 248).

Bachelard analisa que as palavras poeticamente “dominadoras” habitam nas palavras com pequenas silabas. Assim como no interior de pequenos objetos se tornam profundos quando analisados pelo poeta. A potencialidade do armário em abrigar a ordem e proteger a casa de uma desordem. (BACHELARD, 1984, p. 249-250).

Esses móveis são o “testemunho sensível de uma necessidade de segredos, de uma inteligência do esconderijo” (BACHELARD, 1984, p. 250). O poder de vida, poder humano é o que abre e fecha a fechadura. Aciona a psicologia quando faz homologia entre a psicologia do segredo e da alma fechada – “Poderíamos dizer, da mesma maneira, que os escritores nos dão seu cofre para ler” (BACHELARD, 1984, p. 251).

Ao abordar a chave e fechadura, confirma que a psicanálise evidencia símbolos sexuais, mascarando a profundidade dos devaneios da intimidade. Mas a chave também age sozinha – um pensamento secreto encontra a imagem do cofre, seguindo o preceito do cofre rilkiano (poeta de língua alemã Rilke). O devaneio, vivido pelos poetas e que permanece no mundo, “abre os cofres, condensa as riquezas cósmicas num pequenino cofre. (...) (O poeta) acumula o universo em torno de um objeto, num objeto” (BACHELARD, 1984, p. 252).

A psicanálise analisa os objetos, já poesia ultrapassa esses limites. Amplia a experiencia e a relação com esse objeto.

Numa analogia que talvez poderíamos fazer com o patrimônio, Bachelard descreve que o cofre é a memória do imemorial, pois “No cofre estão as coisas inesquecíveis, inesquecíveis para nós, mas inesquecíveis para aqueles a quem daremos nossos tesouros. O passado, o presente, um futuro estão aí condensados. E, assim, o cofre é a memória do imemorial.” (BACHELARD, 1984, p. 252). A segurança de um cofre fechado, os seus segredos guardados.

Ao abrir a abertura do cofre, a dialética do interior e do exterior se esvazia. Tudo é novo, surpresa e desconhecimento. Como a psicologia permite na dimensão da “abertura” de intimidades fechadas.

A imaginação não limita as coisas, “nunca... é só aquilo”. Não está submetida a verificação. Como Jean-Pierre Richard descreve “’Nunca chegamos ao fundo do cofre’. Como dizer melhor da infinidade da dimensão intima?” (BACHELARD, 1984, p. 253).

Não queremos comunicar as lembranças puras, que são imagens unicamente nossas, por isso as imagens estão no cofre. No momento que ele se abre, “as dimensões do volume não têm mais sentido porque uma dimensão acaba de se abrir: a dimensão da intimidade” (BACHELARD, 1984, p. 253).

A imaginação põe um estímulo nos sentidos; a própria imagem da imaginação não precisa ser verificada pela realidade. Quando há uma verificação, as imagens morrem, pois “haverá mais coisas num cofre fechado do que num cofre aberto (...) Sempre, imaginar será mais que viver” (BACHELARD, 1984, p. 254).

Bachelard finaliza ao descrever que o escondido do homem e o escondido nas coisas ganham relevância pela topoanálise quando aprofundado na “estranha região do superlativo”, campo estudado pela psicologia. Assim, para dominar o superlativo, precisa tocar o positivo pelo imaginário. Logo, precisamos “escutar os poetas”. (BACHELARD, 1984, p. 254-255).

Resenhas críticas

    (Clique nos títulos para acessar as resenhas)


·        
LIVRO: "A poética do espaço", de Gaston Bachelard:




Referência: BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. Antônio da Costa Leal; Lídia do Valle Santos Leal. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

Capítulos VI e VII - "Os Cantos" e "A miniatura" - por Rita de Cássia Fraga da Costa 

Referências:

BACHELARD, Gaston. Os cantos. In: BACHELARD, Gaston. A filosofia do não; O novo espírito científico; A poética do espaço. Tradução de Antônio da Costa Leal e Lídia do Valle Santos Leal. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 286 – 293. (Os pensadores)

BACHELARD, Gaston. A miniatura. In: BACHELARD, Gaston. A filosofia do não; O novo espírito científico; A poética do espaço. Tradução de Antônio da Costa Leal e Lídia do Valle Santos Leal. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 294 – 315. (Os pensadores)

Capítulo "A casa e o universo" - por Mara Falcão Palhares Barbosa 

Referência: BACHELARD, Gaston. A casa e o universo. In: Os pensadores; Poética do espaço. São Paulo: Abril Cultural, 1978.


·         LIVRO: “Os pensadores”, de Gaston Bachelard:

Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V e Parte VI  por José Isaías Venera

Referência: BACHELARD, Gaston. Os pensadores. A filosofia do não; O novo espírito científico; A poética do espaço. São Paulo: Abril Cultural, 1978.


·         TEXTO: “O Esquecimento impossível”, de Gianni Vattimo:

"O esquecimento impossível" - por Ian Pogan

Referência: VATTIMO, Gianni. O esquecimento impossível. In. YERUSHALMI, Y. et. alUsos do Esquecimento: Conferências proferidas no colóquio de Royaumont. Campinas: Ed. Unicamp. 2017, p.99-115


·         LIVRO: "O elogio da palavra", de Philippe Breton:

Capítulos 8 e 9 - “Minha palavra vale o mesmo que a sua: a simetria democrática”; “Da violência à moderação: a promessa do processo civilizador- por Cladir Gava

 Referência: BRETON, Philippe. O elogio da palavra. São Paulo: Edições Loyola, 2006.


·         LIVRO: "Corpo e comunicação: sintoma da cultura", de Lucia Santaella:

Capítulo 10 - "O corpo como sintoma da cultura" - por Bruna Lorrenzzetti

Referência: SANTAELLA, Lucia. Corpo e comunicação: sintoma da cultura. São Paulo: Paulus, 2004.


·         LIVRO: "O Rumor da língua", de Roland Barthes:

Capítulo "A divisão das linguagens" - por Evelise Moraes Ribas

Referência: BARTHES, Roland. A Divisão das Linguagens. In: O Rumor da Língua, Parte II. São Paulo: Martins Fontes, 2004.


·         LIVRO: "Mil Platôs", de Deleuze e Guattari:

Capítulo "Rizoma" - por Amanda Gassenferth

Referência: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Rizoma. In: Mil Platôs vol. 1. São Paulo: Editora 34. 2011.


·         LIVRO: "Imagem: cognição, semiótica, mídia", de Lucia Santaella e Winfried Nöth:

Capítulo "A fotografia entre a morte e a eternidade" - por Daniel Machado

Referência: Santaella, Lucia; Nöth, Winfried. A fotografia entre a morte e a eternidade. In: Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 2008.


·         LIVRO: "Sem pressa", de Katherine Funke:

"Sem pressa" - por Taiza Mara Rauen Moraes

Referência: FUNKE, KatherineIlustrações Meryl Dith. Joinville/SC: Micronotas, 2018.


·         TEXTO: "Notas incompletas sobre assuntos do tempo", de Valter Hugo Mãe:

"Notas incompletas sobre assuntos do tempo" - por Débora Shoenhals e Jéssica Duarte de Oliveira

Referência: MÃE, Valter Hugo. Notas incompletas sobre assuntos do tempo. Curitiba: Gusto Design, 2014. p. 17-23.


·         PEÇA: "Vozes de abrigo", com texto e direção de Fábio Nunes Medeiros:

"Vozes de abrigo" - por Taiza Mara Rauen Moraes


·         FILME: "Medianeras - Buenos Aires na era do amor virtual", de Gustavo Taretto:

"Medianeras - Buenos Aires na era do amor virtual" - por Taiza Mara Rauen Moraes


·         LIVRO: "Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal", de Lúcia Santaella:

Capítulo: "O campo musical em expansão" - por Marcus Carvalheiro

Referência: SANTAELLA, Lucia. O Campo musical em expansão. In: Matrizes da Linguagem e Pensamento: Sonora, Visual, Verbal. São Paulo: Iluminuras, 2005, pp. 81-96.


·         LIVRO: "O homem e a comunicação: a prosa do mundo", de Merleau-Ponty:

Capítulo "O algoritmo e o mistério da linguagem" - por Philipe Macedo Pereira

Referência: MERLEAU-PONTY, M. O algoritmo e o mistério da linguagem. In: MERLEAU-PONTY, M. O Homem e a Comunicação: A Prosa do Mundo. Rio de Janeiro: Edições Bloch, 1974. p. 125-138.

Capítulo "A linguagem indireta" - por Maria Cristina Dias dos Reis Lima

Referência: MERLEAU-PONTY, Maurice. A linguagem Indireta In: A prosa do mundo. São Paulo: Cosac&Naify, 2007.


·         LIVRO: "A partilha do sensível", de Jacques Rancière:

"A partilha do sensível" - por Philipe Macedo Pereira

Referência: RANCIÉRE, Jacques. A Partilha do Sensível: estética e política. Tradução de Mônica Costa Netto. – São Paulo: EXO experimental org.; Ed. 34, 2005.


·         LIVRO: "Hermenêutica em retrospectiva", de Hans-Georg Gadamer:

Capítulo "Escrever e falar" - por Philipe Macedo Pereira

Capítulo "Ciência histórica e linguagem" - por Philipe Macedo Pereira

Referência: GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica em retrospectiva. Tradução  Marco Antônio Casanova. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.


·         TEXTO: "Aula proferida em 28 de janeiro de 1976", de Michel Foucault:

"Aula proferida em 28 de janeiro de 1976" - por Pedro Romão Mickucz

Referência: FOUCAULT, Michel. Aula proferida em 28 de janeiro de 1976. In: Defesa da sociedade:Curso no Collège de France (1975-1976). (trad. de Maria Ermantina Galvão). São Paulo: Martins Fontes, 1999.



·         LIVRO: "A memória, a história, o conhecimento", de Paul Ricouer:

Capítulo "Fase documental: a memória arquivada" - por Paulo Santos da Silva

Referência: RICOEUR,  Paul. A memória, a história, o esquecimento. tradução de Alain François [et al.]. Campinas: Editora da Unicamp, 2007. p. 155 – 192.


·         ENSAIO: "As vozes dos bichos fabulares: animais em contos e fábulas", de Lucile Desblache:

Capítulo "As vozes dos bichos fabulares: animais em contos e fábulas" - por Paulo Santos da Silva

Referência: DESBLACHE, Lucile. As Vozes dos bichos Fabulares: animais em contos e fábulas. In: MACIEL, Maria Esther (Org.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011. p. 295 – 314.


·         LIVRO: "Discurso e mudança social", de Norman Fairclough:

Capítulo 3: "Teoria social do discurso" - por Laura Meireles Gomes Moura

Referência: FAIRCLOUGH, Norman. Teoria social do discurso. In: FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Trad. Izabel Magalhães. Editora Universidade de Brasília, 2001. P. 89-131.


·         LIVRO: "Elogio da razão sensível", de Michel Maffesoli

Capítulo VI: "A experiência. O senso comum. A vivência" - por Laura Meireles Gomes Moura

Referência: MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Trad. Albert Christofhe Migueis Stuckenbruck. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.


·         LIVRO: "Arqueologia", de Pedro Paulo Funari:

Capítulo II: "O que é arqueologia" - por Karla Adriana Nascimento Cunico

Referência: FUNARI, Pedro Paulo. ARQUEOLOGIA. São Paulo: Ática 1988.


·         LIVRO: "Mitologias", de Roland Barthes:

"O mito, hoje" - por Taiza Mara Rauen Moraes

Referência: BARTHES, Roland. Mitologias. Tradução Rita Buongermino e Pedro de Souza. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S. A., 1989. P.131-178.


·         LIVRO: "Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro", de Madu Gaspar:

"Sambaqui: a arqueologia do litoral brasileiro" - por Karla Adriana Nascimento Cunico

Referência: GASPAR, Madu. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.


·         LIVRO: "[Re]discutir texto, gênero e discurso", de Inês Signorini et al.:

Texto: "O novo estatuto do texto nos ambientes de hipermídia" - por Amanda Corrêa da Silva, Gabriela Huller e Sônia Regina Biscaia Veiga

Referência: SANTAELLA, Lucia. O novo estatuto do texto nos ambientes de hipermídia. In: SIGNORINI, Inês et al (Org.). [Re]discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. P. 47-72.


·         LIVRO: "O documentário: um outro cinema", de Guy Gauthier:

Capítulo 12: "A vida na memória" - por Karla Adriana Nascimento Cunico

Referência: GAUTHIER, Guy. A vida na memória. InO documentário: um outro cinema. Tradução de Eloísa Araújo Ribeiro. Campinas: Papirus, 2011. P. 245-264.


·         LIVRO: "O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa", de Clifford Geertz:

Capítulo 8: "O saber local: fatos e leis em uma perspectiva comparativa" - por Jailson Estevão dos Santos

Referência: GEERTZ, Clifford James. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Tradução de Vera Mello Joscelyne. 7 ed. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 2009.

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